quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A poesia em 2011: Miguel Martins

24 - Dos & dont's



Não quero aumentar o tamanho do meu pénis.
Não quero habilitar-me a uma fantástica bimby.
Não quero passar um fim-de-semana num magnífico hotel da parvónia.
Quero que metam a internet, de uma pnta à outra, pelo cu
e, já agora, a rádio, a televisão e os jornais (rotativas incluídas).
Quero um mordomo, isso quero, de libré,
para me fazer mayonnaise e ler a Bíblia;
um harém, de faces trigueiras e rosadas,
que saiba amar e cultivar legumes;
e quero, sobretudo, o som do mar
agora e na hora da minha morte.



(Lérias, Averno, Lisboa, 2011, p. 37).

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A poesia em 2011: Nunes da Rocha

Nódoa



Tenho uma nódoa na camisa,
Meu coração não está de maré!
Pudesse tirar um verso da matriz,
Como do nariz, um burrié!



(Cova funda, &etc, Lisboa, 2011, p. 21).

domingo, 6 de novembro de 2011

A poesia em 2011: António Barahona

Falar de coisas práticas



Falar de coisas práticas, talvez
tratar dos meus negócios em poemas;
atender, por extenso, às circunstâncias
de passar fome há mais de meio mês.

A história do cavalo do inglês
faz-me rir a bandeiras despregadas,
digo sílabas só embandeiradas
e cômo os pregos um de cada vez.

Mudar a minha ementa, eu aspiro,
porque já tenho o estômago de ferro
e meu trabalho é tornar-me em oiro:
a luta dos metais, maior tesoiro,
religa a alquimia em que me encerro
no sonho dum bom bife e dum cigarro.



(Raspar o fundo da gaveta e enfunar uma gávea, Averno, Lisboa, 2011, p. 100).

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O amor é cego e dura até hoje




Passaram vinte anos. Parece que foi ontem. Recomecemos mais uma vez. E outra. E outra.