domingo, 12 de maio de 2013

Vielimir Khlébnikov

Quando morrem, os cavalos - respiram



Quando morrem, os cavalos - respiram,
Quando morrem, as ervas - secam,
Quando morrem, os sóis - se apagam,
Quando morrem, os homens - cantam.

                                                                   (1913)


(Poesia russa moderna; traduções de Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman; Perspectiva, 6ª edição (revista e aumentada), 2001, p. 127)

terça-feira, 7 de maio de 2013

Domingo Alfonso

A mesa



Vamos falar da mesa
tal como a vejo,
queda à minha frente.
Ao almoço é uma toalha com pratos e copos,
vista ao microscópio
as suas mínimas partículas formam um mundo
compacto, inenarrável.
Esta mesa foi a terra,
um arbusto, uma árvore, um tronco sob o machado;
passou por serras, oficinas, lojas,
antes de ficar agora
queda diante dos meus olhos
num ponto da sua viagem para a infinita destruição.



[Tradução de Manuel de Seabra; Poesia Cubana da Revolução; Editorial Futura, Lisboa, 1975, pp. 179-180]